quinta-feira, outubro 26, 2006

Cidades a spray

O tiritar dos rasgos sonoros [em deslize absoluto]. Buzinas; calçadas que trotam [semi-cansadas, desgastadas, porém]. Estridentes depois! Sem tempo. Leves [depois do peso dos passos – como quem traça um cigarro ressacado].
Aquele som sai tarde, acelerado. Entra nos muros – em cada gesto inusitado - da cidade [urbana (?), perdida entre sons sibilantes; estridentes]. As cores pendem. Estendem-se. Esmorecem!Dormem. Depois acordam para uma insónia perene. Saída de expressões e texturas rebeldes – que se tocam, num prazer inusitado de liquidez absoluta! Náuseas de sons, cheiros – de tinta que escorre!Fachadas degradadas – enjeitadas com linhas/traços negros, azuis, verdes – de spray: sopros individuais, traçados de memória; espontâneos. Suspiram; ou murmuram algo em voz baixa, demasiado inaudível- mas que grita.
Lá em cima [entre as janelas dos andares dos prédios inquilinos, vazios, velhos, sucumbidos, indigentes]; no contraste do dia; ou da noite, há um vulto que recai sobre o musgo das paredes. Lá em cima! No limite – na suspensão da vida e da adrenalina – ele semeia sibilantes com a agulha – aerossol, spray. As cores não importam.
Rasgos de expressão, no Rio; em São Paulo. Urbanidades despojadas. Contrastantes e na miasma aflitiva da complementaridade.
Outro vulto está de costas para a estrada. Pinta à luz do dia; aos olhares indiferentes: a senhora que passa apressada; o carro acelerado; os rostos mesclados de multidão.

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