segunda-feira, novembro 26, 2007

Próxima estação! Depois da última!

Fuuuuu! Vuuu..Griiii! O ar condicionado alivia as respirações.
Próxima estação:
"Liberdade"!
Os trilhos faíscam. Ouve-se o guinchar dos ferros.(Alguém me disse que os trilhos não guincham... Aqueles sim!). TRAVA!
Entra mais uma:
-Senta, Cátia!
-Caroline, segura!
-Senta, mãe"
-Segura, filha! Próxima Estação:
"São Joaquim".
Galga o túnel. Só as luzes do interior estão acordadas. Ziiii! Chiam as faíscas. Zinem! Atropela-se o casal nas portas. "Primeiro sair, depois entrar".Próxima estação
:"Vergueiro"!

Três miúdas de três tamanhos. A que viveu a chupeta, a que acabou de passá-la e a que ainda a chucha. Aquela mulher charmosa poderia ser mãe. Ou ainda deseja. Ou abdicou daquela maternidade pelos livros que lhe pesam na mão, num sábado à tarde!
Próxima estação:
"Paraíso"!

As formigas saem da toca. Não há cigarros. Há vontades. Sente-se o formigueiro do metro. O eco, o zunzum dos tubos sujos. Dos ratos que moram nas entranhas.
"Emergência".
Correcção: uma mangueira em caso de desespero! Leia-se: É o que podemos ter! Ele arrasta o guarda-chuva no chão. Roça com o som que rasga os círculos salientes do piso.Ou do céu ao contrário! Deprimente, primeiro, depois sujo. Porque nem toda a sujidade é depressiva.
A que cheira o metro?
A todos os odores que passam e se misturam. E mais aqueles que há-de experimentar. Eco irritante. Parecem ventoinhas gigantes, ávidas de engolir pensamentos. Depressa nos habituamos a eles. Habituamos-nos a tudo! Até à fila de metro. Ao empurrão com sufoco entre o pânico e a normalidade.
"Assentos de cor cinza são de uso preferencial. Respeite esse direito".
Juvenal poderia ser o nome dele. Esguio. Não sabemos quanto dinheiro já contou na vida. Seu, dos outros, de outros lugares, onde aqui esses não têm valor. Já foi! Saiu enquanto eu não o via. Saiu pela porta elástica que cerra e encerra como uma sugadora. Nem arrastou os pés como o homem de guarda-chuva. Olha o céu ao contrário!Desinteressado, como se todo o desinteresse fosse já um interesse!
"Pedir esmolas e o comércio nos trens são práticas ilegais".
E agora mendigamos dignidade e nem sequer há multas por isso. Verdadeiras práticas ilegais, essas dos homens! Parece que vamos levantar voo à velocidade da luz. Vemos os vultos das faíscas..Fuuu!!!...Vuuu!!!!Griii!
"Saída de emergência"

Sem comentários: