segunda-feira, maio 04, 2009

Bielman A. diz

A minha garganta secou. Os pés arrastam-se em sofreguidão para te encontrar. Ou para recolher da terra o vestígio do que resta de ti, desde que me arrastaste para este sussurro de perseguição vadia. Os joelhos rangem. A boca desértica diz-me que o teu amor táctil sempre me foi estranha paisagem que tentei mudar. De lá, arranquei todas folhas vermelhas que cresciam da terra. E comecei a semear as gotas de sémen que escorriam solitárias depois das noites de insónia. Rasgo-te. Como te rasgo! E rasgo os pedaços de sociedades putrefactas, hipócritas que me arrastam a um dever social de amar duramente quem saiu do mesmo ventre que eu. Enterro os pés na gravilha, como penitência das imagens que faço de ti. Esfrego-me na terra para nascer de novo, e deixo que a sujidade se entranhe para me purgar, vergado.

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