domingo, abril 18, 2010

O meu nome não é Vanessa


Posso dizer – ainda com alguma lucidez, e isso se conseguir terminar este post até ao fim, sem que a pele me mude - que talvez este seja um ataque causado pelo Síndroma da Onomatópose*
Até há instantes não sabia que poderia tê-lo, ou sequer que existia. (Vamos despachar isto antes que o juízo se vá: serve este post, por isso, como truque para enganar a mente). E ainda não estou realmente convencida de que esse seja, efectivamente, o problema, muito embora comece a aperceber-me (ainda com um certo discernimento, enquanto não vem a outra personalidade), que o mal esteja já a tornar-se crónico e em acelerada fase de contágio. 

Chegou-nos, ontem, a informação oficial de que os portugueses, como cidadãos do mundo, estão a ser “vítimas” de apropriação de dados pessoais, para fins dúbios: espoliados e depredados, pornograficamente, por larápios, farsantes e contrabandistas de identidades. 

Pode até acontecer que durante a leitura deste post alguém tenha deixado de ser quem era para mudar-se para outra carapaça, ainda que fictícia, apropriando-se, indevidamente de outro, e mudando a circunstância de um indivíduo ser aquele que diz ser ou aquele que outrem presume que ele seja, numa espécie de jogo eu-sou-quem-sou-e-quem-tu-dizes-que-eu-sou. 

Pode ser, por isso não correrei riscos: o meu nome não é Vanessa. Nem Luna, nem Crónica, nem Samba. Eis, portanto, a minha declaração de princípio onomástico: agora o meu nome é X….

* Onomatópose -(onomato- + grego poiéo, fazer, fabricar, construir, compor, criar)
s. f. - Disfarce do nome; nome falso.

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